Parabéns, doutor(a). Você fez a transição, abriu seu CNPJ e agora seu consultório não é apenas um local de trabalho, é uma empresa. Com essa nova estrutura, surge uma das perguntas mais importantes para sua vida financeira: “Qual a melhor forma de me pagar?”. A resposta envolve dois conceitos fundamentais: pró-labore e distribuição de lucros.

Entender a diferença e, principalmente, a sinergia entre eles é o que separa o amadorismo da gestão empresarial de alta performance. Não se trata apenas de “tirar dinheiro da empresa”, mas de criar uma estratégia que maximize sua retirada líquida, garanta sua segurança previdenciária e mantenha sua clínica saudável e em conformidade.

Muitos dentistas cometem o erro de ver o pró-labore como um vilão (por causa dos impostos) e tentam viver apenas de “adiantamentos”, ressaltamos que não há adiantamento de lucro, não temos como prever que tal mês terá lucro, por isso e tão importante ter as demonstrações contábeis e financeiras mensalmente. Este guia irá desmistificar isso e mostrar como o pró-labore, quando usado de forma inteligente, se torna a chave que abre a porta para a distribuição de lucros massiva e isenta de impostos.

Definição 1: O que é o Pró-labore?

Pense no pró-labore como o “salário” do sócio que trabalha. É a remuneração oficial que você, como dentista e administrador, recebe pelo seu trabalho ativo na clínica.

• É Obrigatório? Sim. Todo sócio que exerce uma atividade na empresa deve, por lei, receber uma remuneração via pró-labore.
• Como é Tributado? Sobre o valor do pró-labore incidem dois tributos principais:
  1. INSS: A contribuição para a previdência social, com alíquota de 11% para contribuintes individuais.
  2. Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF): Segue a tabela progressiva (de 0% a 27,5%), a mesma que incide sobre salários de funcionários.
• Benefícios: Ele serve como sua comprovação de renda oficial para financiamentos, aluguéis e, crucialmente, conta como tempo de contribuição para sua aposentadoria pelo INSS.

Definição 2: O que é a Distribuição de Lucros?

Pense na distribuição de lucros como o “bônus do dono”, a verdadeira recompensa por ser um empresário. É a parte do lucro líquido do seu negócio que pode ser transferida para a conta pessoal dos sócios.

• O que é Lucro Líquido? É o que sobra após a empresa pagar todas as despesas: aluguel, salários, materiais, marketing e, claro, os impostos da própria empresa (como o Simples Nacional – DAS).
• Como é Tributada? Aqui está a mágica e o ponto mais importante deste artigo: a distribuição de lucros é ISENTA de Impostos para o sócio.
• Condições para a Isenção: Para que essa isenção seja válida, a empresa não pode ter nenhum débito de impostos (federais, estaduais ou municipais) e precisa manter uma escrituração contábil regular que demonstre a existência desse lucro. É por isso que ter uma contabilidade em dia, como a Portobello Contabilidade oferece, é não-negociável.

A Estratégia: Como o Pró-labore Maximiza a Distribuição de Lucros

O erro comum é pensar: “Vou definir um pró-labore de um salário mínimo para pagar pouco imposto e tiro o resto como lucro”. Isso pode ser um erro estratégico, especialmente para dentistas. A estratégia inteligente é usar o pró-labore para otimizar os impostos da empresa.

O Segredo do Fator R para Dentistas no Simples Nacional:

Como vimos em nosso guia de planejamento tributário, a atividade odontológica pode ser tributada no Anexo V do Simples Nacional (com alíquotas a partir de 15,5%) ou no Anexo III (a partir de 6%). O que define isso é o Fator R.

• A Regra: Se o total de suas despesas com folha de pagamento (salários de funcionários + o SEU PRÓ-LABORE) for igual ou superior a 28% do seu faturamento, você vai para o Anexo III, o mais barato.
• A Estratégia na Prática:
  • Cenário: Sua clínica fatura R$ 30.000 por mês e não tem funcionários.
  • Meta do Fator R (28%): R$ 30.000 x 28% = R$ 8.400.
  • Ação Estratégica: Seu contador te orienta a definir um pró-labore de R$ 8.400.
  • Consequência: Ao fazer isso, sua clínica cumpre a regra do Fator R e paga o imposto do Simples Nacional pela alíquota de 6% (R$ 1.800), em vez de 15,5% (R$ 4.650). Você paga um pouco mais de imposto no seu pró-labore, mas gera uma economia GIGANTESCA de R$ 2.850 por mês para a empresa.
  • O Grand Finale: Essa economia de R$ 2.850 se transforma em mais lucro líquido, que será transferido para o seu bolso como distribuição de lucros, totalmente isenta de impostos.

O pró-labore, portanto, deixa de ser um “custo” e se torna a ferramenta de investimento que reduz a carga tributária da sua empresa e, por consequência, aumenta o montante que você leva para casa limpo de impostos.

O Fluxo de Caixa Ideal do Dentista-Empresário

1. Entrada: A clínica fatura e recebe dos pacientes na conta do CNPJ.
2. Custos Operacionais: Pela conta do CNPJ, paga-se aluguel, equipe, fornecedores, etc.
3. Impostos da Empresa: Paga-se a guia do Simples Nacional (otimizada pelo Fator R).
4. Sua Remuneração (Pró-labore): A empresa transfere para sua conta PF o valor estratégico do pró-labore.
5. Resultado Final (Lucro Líquido): O que sobra na conta do CNPJ após todas essas etapas é o lucro.
6. Decisão do Dono: Esse lucro pode ser distribuído para sua conta pessoal (sem impostos) ou reinvestido na clínica (compra de equipamentos, reformas, marketing).

Conclusão: Você no Controle da Sua Remuneração

Dominar a estratégia de pró-labore e distribuição de lucros é o que eleva um dono de clínica a um verdadeiro empresário. Significa parar de pensar apenas em “quanto entrou” e passar a planejar “qual a forma mais inteligente de receber”.

O equilíbrio correto, especialmente ao usar o Fator R a seu favor, é a mais poderosa ferramenta de otimização financeira disponível para dentistas. E, como demonstramos em nosso Guia Definitivo, é uma peça central na construção de uma carreira próspera e segura.

Esse nível de planejamento não é algo que você deva fazer sozinho. É uma conversa estratégica que você deve ter com seu contador consultor.Agende uma Sessão de Planejamento de Remuneração com a Portobello e vamos desenhar a estratégia perfeita para o seu nível de faturamento, garantindo que cada real trabalhado seja revertido da forma mais eficiente para o seu patrimônio.